A concepção antropológica tradicional de Julius Evola

 

 

Introdução
Em contraste com boa parte das concepções de homem surgidas na modernidade a antropologia evoliana é totalista, “integral”. Anti-moderna e  tradicional, ergue-se contra toda forma de reducionismo e abstratismo. Bate-se contra visões fragmentárias, parciais e unilaterais do homem. Neste sentido, procura a superação do determinismo biológico-genético, e do determinismo ambiental, social e cultural, rechaçando toda forma de imanentismo, naturalismo e vitalismo.
Segundo Julius Evola, há uma tendência particular de diversas correntes de pensamento na modernidade em “amesquinhar” e reduzir o homem a um mero produto ou resultado de algo que o transcende. O homem é percebido como um ser deficiente e insuficiente. Nestas correntes, o sujeito humano é concebido como uma “coisa” meramente material, um objeto, um epifenômeno. O homem é visto como um ser passivo e determinado por forças externas, subordinado à natureza, à sociedade, à história, às forças de produção, à Razão Eterna, ao inconsciente. A dimensão espiritual, divina, existente no ser humano é rechaçada nestas concepções antropológicas. O homem é reduzido à dimensão da imanência, a esta vida terrenal, a sua simples existência física, biológica.
Diante deste quadro, o mestre tradicionalista italiano parte de uma visão tradicional, “clássica”, do homem. Em verdade, assume uma concepção antropológica presente em diversas tradições sapienciais e metafísicas do Ocidente e do Oriente. De acordo com esta visão o homem possui três dimensões distintas e próprias: o corpo, a alma e o espírito. Assim sendo, Julius Evola enfatiza a especificidade do homem em relação aos demais seres, ressaltando a dimensão do “espírito” como aquela que caracteriza e distingue o homem. Acerca disto comenta: “[..] como premissa assumiremos a concepção tradicional do ser humano, segundo a qual o homem, enquanto tal, não se reduz a determinismos puramente biológicos, instintivos, hereditários e naturalistas [...]. É um fato que o homem se distingue do animal enquanto participa de um elemento sobrenatural, suprabiológico, tão só em função do qual pode ser livre em si mesmo.”  (A Raça do Espírito, 2005, p. 47). Conforme esta concepção tradicional o homem participa do divino, é de natureza “teomórfica”, neste aspecto residindo, fundamentalmente, sua grandeza e dignidade.
Com efeito, Evola defende a dignidade e o destino sobrenatural da pessoa humana. De acordo com esta perspectiva “[...] este não pertence à ‘natureza’ nem no sentido materialista do evolucionismo e darwinismo, nem no sentido ‘espiritualista’ do panteísmo e concepções afins. Como personalidade ele se eleva desde o mundo das almas místicas e das coisas e dos elementos, e desde o fundo de uma ‘cosmicidade’ indiferenciada [...]”. (Máscara e Rosto do espiritualismo contemporâneo, 2003, p.29).
O barão italiano reafirma, em seus escritos, a concepção antropológica “clássica”. Nesta, o homem é percebido como um ser intermediário entre deuses e anjos, animais e bestas. Ocupa uma “posição intermediária”, estando situado entre duas regiões opostas, uma “inferior” e outra “superior”; o infra-natural e sub-pessoal de um lado, e de outro o sobrenatural e supra-individual. Uma significativa representação simbólica disto é o ternário taoísta, analisado por René Guénon em sua obra A grande tríade. O ternário é composto por três traços horizontais unidos em seu meio por um traço vertical. Neste símbolo extremo-oriental o homem é representado como o termo mediano ou “mediador” entre o céu e a terra. O homem é percebido como filho do céu e da terra, é ele resultado destas duas influências: a celeste e a terrestre. Nesse sentido, ocupa uma posição central neste estado de existência, é verdadeiramente um “microcosmo”, uma imagem, ou melhor, uma “soma” e síntese de todo o conjunto da manifestação. Importa destacar que estes domínios não devem ser vistos como meras abstrações teóricas, simples doutrinas, mas como estados reais, como regiões ontológicas.
Para a concepção antropológica evoliana, o homem é tomado como um estado, uma passagem, um dramático campo de batalha; ou seja, um ente cuja natureza não estaria plenamente acabada. Neste aspecto estaria o privilégio único do estado humano; sua liberdade de converter-se em uma divindade, ou tornar-se um bruto.  Na antropologia do mestre italiano a máxima de Nietzsche de que o homem é algo a ser superado é um princípio basilar. Haveria a necessidade premente de uma superação e subjugação do elemento puramente humano através de uma “ascese”, de uma rígida disciplina espiritual que visaria paralisar a influência da parte instintiva e passional do ser humano. Através da ascese, realizar-se-ia o “despertar da dimensão espiritual do homem” e, assim, a realização integral da pessoa humana.
A distinção entre pessoa e indivíduo e a relação entre a pessoa e  sociedade.
Julius Evola destaca a estrutura dual do ser humano: indivíduo e pessoa. O indivíduo é visto como uma unidade atômica e informe, puro número, mera abstração. É o indivíduo o pólo material do ser humano, enquanto que a pessoa expressa o pólo espiritual da criatura humana.
Resumidamente, pode-se afirmar que a individualidade é o ego psicofísico. Desse modo, como indivíduo cada um de nós é um mero fragmento da espécie, parte ínfima da totalidade universal, ponto insignificante submetido aos determinismos do mundo físico e aos condicionamentos do mundo social. Como pessoa é um ser espiritual, dotado de unidade, independência e liberdade, de acordo com a lição do filósofo Jaques Maritain. A pessoa tem por base e fundamento o espírito, vincula-se à transcendência, ao absoluto. Por sua vez, o simples indivíduo agita-se, movendo-se confusamente em uma direção unicamente horizontal, não transcendendo o plano naturalístico e social. Já a pessoa move-se, ou melhor, eleva-se em uma direção vertical, ascendendo do plano meramente coletivo e biológico para as regiões mais altas do espírito.
Segundo o pensador tradicionalista italiano, a pessoa seria o indivíduo diferenciado, com um “rosto próprio”, com uma qualidade específica. Acerca disto assevera Evola: “É o homem em que as características gerais [...] assumem uma forma diferenciada de expressão articulando-se de maneira distinta e individualizando-se”. (Os homens e as ruínas, 1994, p. 48). Ainda, segundo Evola “[...] o homem enquanto pessoa (máscara) se diferencia do simples indivíduo, tem uma forma, é si mesmo e pertence a si mesmo. Por isto, ali onde uma civilização teve um caráter tradicional, os valores da ‘pessoa’ fizeram da mesma um mundo da qualidade, da diferença, de tipos”. (Cavalgar o tigre, 1999, p. 125). Enfatizo que a personalidade, a pessoa, não é um dado natural, algo já pronto e acabado, mas uma tarefa. Conforme Evola, nasceríamos como indivíduos, mas teríamos que nos fazer pessoa.
Recordo, ainda, que Evola não parte de uma critica comunitarista, holística, do individualismo liberal, mas sim de uma visão personalista e aristocrática. Se, por um lado, o coletivismo, o comunitarismo e o organicismo são reações ao individualismo, o personalismo evoliano pode ser visto como uma reação tanto ao individualismo como ao coletivismo. Enquanto que para o individualismo liberal, a sociedade é concebida como uma soma de átomos isolados em perpétuo choque e luta. No personalismo evoliano, a sociedade é vista como um conjunto relativamente harmonioso e orgânico de pessoas. De acordo com esta concepção, a sociedade é metaforicamente uma “totalidade orgânica”, “um corpo social”, “um organismo feito de organismos”, e não uma massa informe e amorfa. Por consequência, o homem, ou melhor, a pessoa humana é o fim da sociedade, seu elemento central e primário. A sociedade, desta maneira, não tem primazia sobre o indivíduo e a pessoa humana. Afirma-se, o primado da pessoa em relação ao coletivo e ao social. Desse modo, a “perfeição” do homem seria o fim último  que uma sociedade normal, sadia, deveria promover. Esta perfeição se fundamentaria num processo de individuação e diferenciação progressiva. Na visão “tradicional-clássica”, a perfeição era concebida como a realização integral da própria natureza. Em uma sociedade tradicional, era preciso que cada um fosse ele mesmo. Neste ambiente valia o aforismo de Píndaro: “Torna-te o que tu és”. Dessa maneira, o verdadeiro Estado, a verdadeira ordem política e social deveria cumprir uma função anagógica, suscitando e estimulando a disposição dos seres humanos em atuar, pensar, viver, lutar e sacrificar-se em função de algo que vá mais além de sua simples individualidade. O homem é levado a ir mais além de si, por uma motivação de ordem espiritual e metafísica.
Dualismo antropológico: o homem da tradição e o homem moderno.
Assim como no plano cultural, mais além da pluralidade e multiplicidade de civilizações, Evola destaca o dualismo de civilizações, a civilização tradicional e a civilização moderna, no plano antropológico o pensador tradicionalista destaca, essencialmente, dois tipos-ideais: o homem moderno e o homem tradicional. Este dois tipos podem ser tomados como figuras arquetípicas que se manifestam em diferentes épocas, culturas e situações históricas.
O homem da tradição é um tipo humano que aceita viver neste mundo, nesta época, ainda que tenha uma forma interior diferente de seus contemporâneos. Podemos caracterizá-lo com a famosa frase do Evangelho: “Está no mundo, sem ser do mundo”. Pertence a outra “raça de espírito”, a uma diferente “raça interior”, em nada semelhante ao homem moderno. Sua mentalidade, sua postura diante da existência, seus valores, seu modo de ser, seu comportamento é próprio do mundo da tradição, das sociedades e civilizações tradicionais apresentavam como elemento axial o sagrado, a transcendência.
O homem da tradição é, sobretudo, um tipo humano diferenciado, que de acordo com Evola: “[...] enfrenta os problemas do homem moderno sem ser ele um homem moderno, pertencendo a um mundo diferenciado, conservando em si uma dimensão existencial diferente”. (Cavalgar o tigre, 1999, p. 51). Para ele viver e manter-se fiel a si mesmo nesta época caótica e obscura assume o caráter de prova, desafio e missão. Sendo assim, assume ativamente os processos dissolutivos de nosso tempo, não os padece como um objeto, não é arrastado pelas correntes “infernais” deste mundo, mas é um verdadeiro sujeito com um centro, uma personalidade integrada, senhor de si mesmo, permanecendo imperturbável e firme diante de um mundo em ruínas. É um homem com um caráter próprio, com um estilo particular de conduta, sempre presente, alerta, consciente e desperto. Ciente de si, de seus pensamentos, sentimentos e ações.  Consciente do entorno, do mundo, da situação em que se encontra. É aquele homem que verdadeiramente sabe quem é, qual é a sua natureza, sua posição na estrutura da realidade e sua missão existencial. Para Evola, o homem da tradição é aquele que “[...] ao dirigir seu olhar até o seu interior, não achará uma matéria lábil e dividida, mas sim uma dimensão fundamental, uma linha dominante”. (Cavalgar o tigre, 1999, p. 64). Sob determinado aspecto o “homem da tradição” de Evola guarda semelhanças com o “homem magnânimo”, de grande alma, de Aristóteles. Segundo o estagira os sinais exteriores deste são: voz profunda, passo lento e conversação escassa e repousada. Além disso, segundo o filósofo alemão Robert Spaemann, o homem magnânimo é seguro, dono de si, não dependente da aprovação dos demais. Estima mais o valor e a honra, que a própria vida. Não é exaltado, mas calmo e sereno. Impõe certa distância em relação aos demais homens e em relação a si mesmo, ou melhor, em relação à parte meramente “natural” de seu ser.
 O homem da tradição é caracterizado, ademais, por uma dimensão existencial própria, ausente no homem moderno, que é a dimensão da transcendência. Ele percebe em si a dimensão da transcendência e ancora-se e repousa nela. Desse modo, o ser, o incondicionado, o supraindividual, é seu centro e não a vida tomada em seu sentido meramente biológico e terrenal.
Por sua vez, o homem moderno é a antítese do homem da tradição. É o tipo humano que predomina em nosso tempo, que pulula em nosso meio. É como brilhantemente caracterizou o pensador tradicionalista italiano o homem de “raça fugaz”, lábil e informe. Não tolera nenhuma disciplina interior, é incapaz de qualquer compromisso sério. É incapaz de cumprir com a palavra dada e com um propósito e objetivo mais alto. É, sobremaneira, distraído, irresponsável, evasivo, inconsistente e passivo. Um traço típico dele é mentir com naturalidade, às vezes de modo gratuito.  Além disso, tem um gosto mórbido pelo vulgar, pelo feio, pelos aspectos mais baixos e “primitivos” da existência humana.  É ele um “homem oblíquo” como definiu Evola em artigo publicado em 1951, ou seja, sinuoso, tortuoso, “mercurial”. Não apresenta, dessa forma, uma linha clara e nítida de pensamento e conduta. Não é reto, frontal e sincero para consigo mesmo e para com os outros, mas dissimulado e astuto. É descentrado, fragmentado, não tem um “eu”, uma individualidade. Este tipo humano descrito por Evola em muito se assemelha com o “hombre light” caracterizado pelo psiquiatra espanhol Enrique Rojas. Grosso modo, segundo Enrique Rojas este homem apresentaria os seguintes traços: materialismo, hedonismo, permissividade, relativismo e consumismo.
            O homem moderno, “homem de raça fugaz”, o “último homem” de Nietzsche, padece de uma “anestesia moral”, de uma total carência de sensibilidade para as grandes questões da existência. Abandona-se aos impulsos mais baixos, vivendo uma existência artificial, “vermicular” e inautêntica. Oscila entre um cerebralismo racionalista desvitalizante e um emotivismo (sensualismo-sentimentalismo) grosseiro. Em síntese, não possui vida interior, perdeu o senso da eternidade e o contato com a realidade metafísica, supra-sensível. Possui um “eu” fisicalizado e materializado, identificando sua individualidade com o corpo e a psique. Acerca desta temática - já relacionando com o próximo e ultimo tópico que diz respeito à doutrina da pré-existência e da eleição transcendental - assevera o barão italiano: “Enquanto ‘eu’ o homem moderno, com efeito, só conhece o que se inicia com o nascimento e o que mais ou menos se extingue com a morte. Tudo se reduz ao simples indivíduo humano e toda recordação do ‘antes’ já desapareceu. Assim, desaparece, também, a possibilidade de tomar contato com as forças de que é feito um determinado nascimento, de se ligar de novo a esse elemento não humano do homem que, estando para aquém do nascimento, está igualmente para além da morte e constitui o ‘lugar’ de tudo o que pode eventualmente ser realizado para além da própria morte e é o princípio fundamental de uma incomparável segurança” (Revolta contra o mundo moderno, 1989, p. 140).

Doutrina tradicional da pré-existência e a eleição transcendental.
De acordo com esta doutrina presente em diversas tradições espirituais, como por exemplo: em Platão, Plotino e no Budismo das origens, interpretada e exposta por Evola, o núcleo espiritual da personalidade humana pré-existe ao nascimento terrestre. Destarte, o eu humano, como um eu com determinadas características próprias seria o efeito, o resultado, de um ente espiritual que o pré-existe e o transcende. A individualidade corpórea e psíquica, o ser individual humano, seria a manifestação neste plano terrenal de um ser espiritual. O que se é como pessoa procede de uma eleição originária pré-natal e pré-temporal. Sob determinado aspecto nós elegeríamos nosso próprio destino, a vida que vamos levar neste mundo.
Para a antropologia evoliana a vida terrena não pode ser considerada como algo arbitrário, fruto do acaso. Não fomos lançados, jogados a esta existência contra nossa vontade. Sobre isto afirma o mestre tradicionalista: “Assim como numa aventura, em uma missão, em uma prova, em uma eleição ou experimento, a vida terrenal aparece como algo pelo qual, antes de encontrar-se na condição humana, nos tomamos uma decisão, aceitando antecipadamente mesmo os eventuais aspectos problemáticos, esquálidos e dramáticos [...]”. (Cavalgar o tigre, 1999, p. 244). Ainda, conforme Evola a doutrina da pré-existência reavivaria a consciência das origens e de uma liberdade superior no seio do mundo, a consciência de vir de longe e de uma distância. Como conseqüência, conduziria o homem a uma relativização de tudo aquilo que nesta existência humana e terrenal parece como importante e decisivo.
Para Evola, elegemos e escolhemos por um ato de suprema vontade viver em um mundo oposto à nossa natureza interior, oposto ao mundo da tradição, intencionando “medir a si mesmo com uma medida difícil”.
Se para o homem moderno o dever essencial é “construir-se”, seguindo o ideal americano do self-made-man, ou seja, chegar a ser o que não se é, infringir e ultrapassar todo o limite, para o homem tradicional o dever, a missão existencial principal é conhecer e ser o que se é. Trata-se de levar a sério e concretizar as máximas da sabedoria clássica grega: “Conhece-te a ti mesmo” e “Sê tu mesmo”. Cabe ao homem buscar livremente a sua própria natureza, aprofundá-la e realizá-la até reunir-se com o princípio pré-humano e supra-individual que lhe corresponde, ou então seguir a via moderna entregando-se a tarefa inglória da construção de um modo de ser não natural privado de relação com as força mais profundas do ser.
Ressalto aqui que para o homem tradicional o conjunto total desta vida, desta existência, é apenas um episódio, uma passagem, um trânsito, uma peregrinação rumo à eternidade. Evola traz à tona a visão medieval-cristã, também presente em outras tradições espirituais, do “homo-viator”, do homem que caminha neste mundo em direção ao fundamento divino da realidade.
Segundo o tradicionalista italiano, a doutrina tradicional da pré-existência auxilia a desdramatizar a ideia da morte, mudando a atitude do homem, ou ao menos de determinado tipo humano, diante deste acontecimento crucial. Acerca deste ponto comenta Julius Evola: “O homem que a nós nos interessa não pode pensar que seu ser começa com o nascimento físico, corpóreo, e que conclua com a morte”. (Cavalgar o tigre, 1999, p. 238). O homem diferenciado, o “homem da tradição” deve estar tomado pela sensação de um “antes” em relação à existência humana e um “depois”, com respeito à mesma. Assevera Evola: “Metafisicamente o nascimento é uma mudança de estado e a morte é outra mutação de estado; a existência humana na terra, não é senão um continnum, em uma corrente que atravessa múltiplos estados”. (Cavalgar o tigre, 1999, p. 238).
Para aquele que se integrou à dimensão espiritual do seu ser a morte física, corpórea, não é o final, uma aniquilação total do ser e da individualidade. Deste modo, lembra o mestre tradicionalista: “[...] Deve manter-se o sentimento, ou o pressentimento, justamente de quem, ao haver subido num trem, sabe que haverá de baixar e que quando baixar verá todo o caminho percorrido e irá mais além”. (Cavalgar o tigre, 1999, p. 235).
Considerações finais
Como finalização e conclusão da minha exposição trago uma reveladora e significativa passagem de Revolta contra o mundo moderno, opera magna do mestre tradicionalista. Neste trecho iluminador Evola reporta-se, mais uma vez, aos “homens da tradição”.  Estes são percebidos como aqueles que mantêm a “chama acessa”, os que “velam”, “testemunhas” que afirmam os valores perenes da tradição diante de um mundo em dissolução, mantendo-se de pé perante as ilusões de nosso tempo obscuro e decadente. Diz Evola: “À margem das grandes correntes do mundo, existem ainda hoje homens ancorados nas “terras imóveis”. Geralmente são desconhecidos que se mantém fora de todas as encruzilhadas da notoriedade e da cultura moderna. Mantém as linhas de orientação, não pertencem a este mundo – embora se encontrem dispersos pela terra e, apesar de frequentemente se ignorarem uns aos outros, estão invisivelmente unidos e formam uma corrente inquebrantável no espírito tradicional”. (Revolta contra o mundo moderno, 1989, p. 470).

 

Referências Bibliográficas
Cabalgar el Tigre. Buenos Aires: Ediciones Heracles, 1999.         
La Raza del Espíritu. Buenos Aires: Ediciones Heracles 2003.
Los Hombres y Las Ruinas. Buenos Aires: Ediciones Heracles, 1994.
Máscara y Rostro del espiritualismo contemporâneo. Ediciones Heracles: 2003.
Revolta contra mundo moderno. Lisboa: Dom Quixote, 1989.

Peyrot de Fortinbraso